quarta-feira, 11 de maio de 2011

DESDE A ALFABETIZAÇÃO, TRAÇANDO METAS A SUPERAR!


Querido (a) Professor (a):  Na intenção de colaborar com o seu trabalho de intervenção com a sua turma e também  orientá-lo no processo diagnóstico mensal da Leitura e da Escrita de seus alunos é que preparamos este material.

DIAGNÓSTICO NA ALFABETIZAÇÃO
PARA CONHECER MELHOR A TURMA

Mesmo antes de saber ler e escrever convencionalmente, a criança elabora hipóteses sobre o sistema de escrita. Descobrir em qual nível cada uma está é um importante passo para os professores alfabetizadores levarem todas a aprender.
Nos primeiros dias de aula, o professor alfabetizador tem uma tarefa imprescindível: descobrir o que cada aluno sabe sobre o sistema de escrita. É a chamada sondagem inicial (ou diagnóstico da turma), que permite identificar quais hipóteses sobre a língua escrita as crianças têm e com isso adequar o planejamento das aulas de acordo com as necessidades de aprendizagem.
Além do diagnóstico inicial, estamos lhe propondo o uso de  instrumentais de Diagnóstico Mensal, com essa prática, você professor (a),  terá uma avaliação e um acompanhamento dos avanços na aquisição da base alfabética e a definição das parcerias de trabalho entre os alunos. Além disso, este será um momento no qual as crianças têm a oportunidade de refletir, com a ajuda do professor, sobre aquilo que escrevem.





ALGUMAS DICAS:


MANTENHA O FOCO  A sondagem deve ser individual, o que torna necessário propor ao resto da turma uma atividade que dispense ajuda do (a) professor (a). Por exemplo, a cópia de uma cantiga, a produção de um desenho, um jogo etc.
Deve ser uma atividade que envolva, no primeiro momento, a produção espontânea de uma lista de quatro palavras e uma frase, sem o apoio de outras fontes. A produção deve, necessariamente, ser lida pelo aluno assim que terminar de escrevê-la. É por meio da leitura  que o alfabetizador “pode observar se o aluno estabelece ou não relação entre aquilo que ele escreveu e aquilo que ele lê em voz alta, ou seja, entre a fala e a escrita.”
Quando o aluno já estiver ALFABÉTICO, você irá propor que ele realize uma produção textual, que pode ser com o apoio de gravuras, sequencia de cenas ou reescrita de um texto.
No teste das quatro palavra e uma frase, o (a) professor (a), fará em forma de  ditado, que deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma trissílaba, de uma dissílaba e, por último, de uma monossílaba - sem que o professor, ao ditar, marque a separação das sílabas. Após a lista, é preciso ditar uma frase que envolva pelo menos uma das palavras já mencionadas, para poder observar se o aluno volta a escrevê-la de forma semelhante, ou seja, se a escrita da palavra permanece estável mesmo num contexto diferente.

Atenção!
COMBINE ANTES  É importante  que a criança saiba que ela pode escrever da melhor forma que  conseguir, mesmo que não convencionalmente. 
ADOTE SINAIS Fazer luma marcação  nos textos produzidos é útil para  registrar como o aluno lê o que  escreve e se ele se detém ou não  em cada letra.
LISTA BEM FEITA
Na sondagem, a escolha certa das palavras e da frase (e da ordem em que elas serão ditadas) é essencial. "O ideal é preparar uma lista de termos de um mesmo campo semântico, ou seja, agregados por uma unidade de sentido, e uma frase adequada ao contexto desse grupo".. Deve-se evitar que as palavras tenham vogais repetidas em sílabas próximas, como ABACAXI, por exemplo, por causar um grande conflito para as crianças que estão entrando no Ensino Fundamental, cuja hipótese de escrita talvez faça com que creiam ser impossível escrever algo com duas ou mais letras iguais. Por exemplo: um aluno com hipótese silábica com valor sonoro convencional, que utiliza vogais, precisaria escrever AAAI. Os monossílabos ficam para o fim do ditado. Esse cuidado deve ser tomado porque, no caso de as crianças escreverem segundo a hipótese do número mínimo de letras, poderão se recusar a escrever se tiverem de começar por ele.
OBSERVAÇÃO E REGISTRO
Ficar atento às reações dos alunos enquanto escrevem também é fundamental. Anotar o que eles falam, sobretudo de forma espontânea, pode ajudar a perceber quais as ideias deles sobre o sistema de escrita.

LEMBRE-SE.
Terminado o ditado, é imprescindível pedir que a criança leia o que escreveu. Por meio da interpretação dela sobre a própria escrita, durante a leitura, é que se pode observar se ela estabelece ou não relações entre o que escreveu e o que lê em voz alta - ou seja, entre o falado e o escrito - ou se lê aleatoriamente.

O professor pode anotar em uma folha à parte como ela faz a leitura, se aponta com o dedo cada uma das letras, se associa aquilo que fala à escrita etc. "Uma lista de palavras produzida pelo aluno, em situação de sondagem, sem a respectiva leitura, não permite analisar essa produção e identificar sua hipótese de escrita".
Se o aluno escreveu LGA para o ditado da palavra martelo e associou cada uma das sílabas dessa palavra a uma das letras, é necessário registrar abaixo a relação de cada letra com uma sílaba. Há duas maneiras de fazer esse registro, usando marcação com sinais que indique quais as associações feitas pela criança:
LGA
(mar) (te) (lo)

Ou ainda:

LGA
| | |

É possível que o aluno utilize muitas e variadas letras, sem que o critério de escolha desses caracteres tenha alguma relação com a palavra falada. Nesse caso, se ele ler sem se deter em cada uma das letras, é necessário anotar o sentido que ele usou nessa leitura.
LPIEMAN
Esse tipo de marcação é importante, pois permite observar com mais clareza a hipótese que a criança tem e, posteriormente, os avanços que ela obtém ao longo do ano. 
REGISTRE TUDO  A observação da produção de cada um ao longo do ano mostra com clareza como ele avançou.

Para que os alunos atinjam o objetivo previsto para o 1º ano - escrever alfabeticamente, ainda que com erros de ortografia -, o professor precisa acompanhar a evolução de todos, conhecendo os que demandam mais atenção, quantos têm hipóteses mais avançadas e os que estão alfabetizados. Esses últimos, particularmente, necessitam de outros conteúdos de ensino, como a ortografia.
O ideal é que seja construída uma tabela que contenha a evolução das hipóteses de cada um, comparando quanto evoluiu ao longo do ano. Com frequência, essa comparação traz agradáveis surpresas em relação aos que, apesar de não escreverem convencionalmente, realizaram avanços significativos em comparação com sua escrita do início do ano.

MODELO DE TABELA
NOME
ALUNO(A)

MESES
JAN
FEV
MARÇO
ABRIL
MAIO
JUNHO
AGOST
SET
OUT
NOV
DEZ
ALINE
01











BRUNO
02











CAROLINA
03











DENISE
04











FELIPE
05











FRANCISCO
06











KATIA
07











ZENIRA
08












Com base nessa tabela, é possível também fazer uma análise crítica da rotina e das atividades que estão sendo contempladas. Será que todos interagem com outras fontes de texto e, nessa interação, refletem sobre a escrita e seu uso? Recebem informações de colegas mais experientes, que os ajudam a compreender o que está envolvido na leitura e na escrita? Têm a oportunidade de tentar ler por si mesmos? Contam com o apoio do professor, que oferece novas informações sobre a escrita e orienta seu olhar para os materiais escritos disponíveis na sala de aula, que podem ajudar no momento de decidir pelo uso de uma determinada letra? Encontram na escola um ambiente favorável à pesquisa, sendo encorajados a se arriscar e escrever segundo suas hipóteses?

É por meio das sondagens e da observação cuidadosa e constante das produções dos estudantes durante o ano que se pode saber em que momento se encontra cada um, se sua abordagem e rotina estão funcionando, qual a expectativa razoável de evolução para os que ainda se encontram em hipóteses mais primitivas e como ajustar o planejamento do trabalho para que, ao fim do ano letivo, todos estejam alfabetizados.

Cuidados a serem priorizados pelos professores ALFABETIZADORES quando elaborarem atividades:
Para que uma atividade se torne uma boa situação de aprendizagem e que se possa discutir o seu valor pedagógico é necessário que:  
  1) os alunos ponham em jogo tudo que sabem e pensam sobre o conteúdo em torno do qual o professor organizou a taref
2) os alunos tenham problemas a resolver e decisões a tomar em função do que se propõem a produzir;  (estes dois princípios dão forma didática à visão do aprendiz como sujeito que constrói seu próprio conhecimento e demandam das atividades  propostas aos alunos a condição de situações desafiadoras, ou seja, ao  mesmo tempo difíceis e possíveis para os alunos);
  3) o conteúdo trabalhado mantenha, ao máximo possível, suas características de objeto sociocultural;
4) a organização da tarefa garanta o máximo de circulação de informação  possível entre os alunos (por meio de agrupamentos/parcerias que potencializem a aprendizagem) e entre os alunos e favoreça a interveção do professor.

Como já referido, as práticas de leitura e escrita são indicadas, pelos PCN, como conteúdo para as séries iniciais do Ensino Fundamental (e não alfabetizados de outras modalidades). Os exemplos que se seguem são algumas entre as muitas possibilidades didáticas que podem propiciar, aos alunos, experiências de situações próximas do uso social da língua,(os de reescrita e revisão, inclusive para alfabetizados de todos os ciclos)

PRATICAS DE LEITURA
Pelo professor-  Ler bons textos para os alunos: uma história, uma notícia de jornal, um poema, um bilhete recebido dos pais, um comunicado produzido pela direção da escola.
Pelos alunos - O planejamento das situações de leitura deve considerar que é possível ler mesmo quando ainda não se sabe ler convencionalmente. Portanto, é preciso tratar os alunos como leitores plenos, e não como decifradores de textos; isto implica colocá-los desde o primeiro dia de aula em situações nas quais faça sentido ler.
Ex.:
a) O professor propõe atividades de leitura utilizando textos que os alunos  sabem de cor, como por exemplo, parlendas, canções, poesias, cantigas de roda,  trava-línguas e quadrinhas. 
• Pede-se que os alunos leiam acompanhando a letra de uma música ou declamando uma quadrinha conhecida;
Pede-se que localizem determinadas palavras no texto. Por exemplo: a atividade da prova do SPAECE-ALFA em que os alunos tinham que localizar algumas palavras ditadas pelo professor;
• Propõe-se  que ordenem os versos ou palavras de uma parlenda conhecida;
• Organizam com os alunos um caderno ou pasta com esses textos, planejando situações nas quais seja significativo lê-los e relê-los.
b) Em se tratando de gêneros informativos, o professor precisa ter um cuidado especial quando escolhe os textos. Seu critério de seleção não deve ser a sua extensão, mas seus valores informativos, funcionais e científicos. Deve-se evitar textos com informações banalizadas, incompletas, distorcidas, simplificadas.
As sugestões a seguir servem para trabalhar tanto os textos informativos, como os instrucionais e biográficos:
• Ler para os alunos textos que apresentam informações sobre um assunto que estejam estudando, ou no qual tenham interesse.
• Ler em voz alta enquanto os alunos acompanham silenciosamente, com o texto em mãos. Depois todos conversam sobre o assunto. A ênfase deve estar no que compreenderam acerca do conteúdo do texto.
• Propor a leitura aos alunos deixando claro qual é o objetivo da atividade.   Por exemplo, ler para:
encontrar uma ou mais informações específicas; saber mais sobre um assunto de seu interesse; aprender a usar o portador de textos, como por exemplo, uma enciclopédia; pesquisar sobre conteúdos de um estudo em desenvolvimento. O aluno,   conhecendo o tema e o que irá pesquisar, poderá buscar informações em livros, revistas, jornais. Essa situação pode ser planejada em torno da biblioteca da escola, que permite uma circulação de livros e de todo tipo de material escrito, que se faça indispensável para reproduzir na sala de aula o rico contexto letrado que existe fora dela.

PRÁTICA DE ESCRITA
Obs. : Utilize (sempre) letras Bastão Maiúsculas para auxiliar seus alunos na alfabetização.
Pelo professor.
• Ele escreve, junto com os alunos, um bilhete destinado aos pais ou uma carta a uma editora de livros solicitando alguns exemplares.
• O professor se coloca como escriba de textos produzidos oralmente pelos alunos: uma lista das brincadeiras que farão no intervalo, uma carta a um aluno ausente, etc.

Escrita, pelos alunos – Os alunos que estão no início da escolarização devem ter acesso à diversidade de textos escritos; testemunhar a utilização que se faz da escrita em diferentes circunstâncias; defrontar-se com as reais questões que a escrita coloca a quem se propõe produzi-la e arriscar-se a fazer e receber ajuda de quem já sabe escrever.
Para isso é importante oferecer um amplo repertório de textos escritos, considerando que o desenvolvimento da competência escritora depende não só de uma prática contínua de produção de textos, mas também um trabalho intensivo de leitura. Para tanto, é preciso que as leituras do professor contemplem
 • leitura de livros de literatura: contos, livros em capítulos, fábulas, lendas, cartas, poemas, biografias, realizada diariamente pelo professor, de preferência organizada em um horário que se mantém fixo durante o ano todo;
• leitura de textos jornalísticos: realizada pelo professor e/ou pelos alunos (individualmente ou em grupos) acontecendo pelo menos uma vez por semana, tendo, de preferência, o dia e o horário fixo que se mantém durante o ano todo;
• leitura de textos de divulgação científica: (revistas especializadas, livros e jornais) realizada pelo professor, acontecendo pelo menos uma vez por semana, tendo, de preferência, o dia e o horário fixo que se mantém durante o ano todo; 
• .leitura de outros gêneros – regras de jogos, receitas, biografias etc. Realizada de acordo com a seleção dos gêneros textuais determinada para a 1ª e/ou 2ª série e entra na rotina semanal seguindo os critérios dessa seleção.
A seguir serão apresentadas algumas boas situações em que os alunos se colocam no lugar de escritores, embora não saibam escrever convencionalmente e outras para a formação de um escritor autônomo:
a) O professor propõe que os alunos escrevam textos que sabem de cor, como por exemplo, parlendas, canções, poesias e quadrinhas. Isto feito devem ler o que escreveram,mostrando o quê e onde está escrito.
b) O professor propõe atividades de reescrita  de textos que os alunos já ouviram em situações de leitura habitual, por exemplo: de conto, notícias, lendas, cartas e biografias.
c) Propor a produção de texto escrito com apoio* . Neste tipo de situação de produção, os alunos se apóiam no que conhecem sobre os diferentes gêneros, apropriando-se com isso, da sua forma, isto é, da linguagem que se usa para escrevê-los, diferentes da que se usa para falar. Exemplos:
• reescrita de um conto conhecido;
• reescrita de outros gêneros, tais como notícias, cartas, biografias, lendas etc.;
• transformação de um gênero em outro (escrita de um conto policial, a partir de uma notícia e vice-versa, transformação de uma notícia em uma história etc.).
Lembremos que a reescrita é a produção de mais uma versão do texto, e não a  reprodução idêntica.  Não é condição para uma atividade de reescrita – e nem é desejável – que o aluno memorize o texto.” (Letra e Vida:      Coletânea de Textos – Módulo II, Unidade 6 – Texto 4, p. 2)
d) Propor atividades de análise e revisão de textos. Essas situações possibilitam que os alunos pensem sobre formas de redigir e sobre a adequação e a qualidade da linguagem utilizada para escrever. Exemplos:
• revisar os próprios textos produzidos individualmente ou em dupla;
• revisar textos produzidos por outros alunos;
• analisar textos bem escritos, de autores conhecidos.
* Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, página 74.

Dependendo do objetivo e da necessidade, essas situações poderão ser incorporadas na rotina, como atividades habituais, seqüenciadas e/ou projetos.
OBS. : Só se aprende a ler, lendo e a escrever, escrevendo. Portanto, o ideal é que diariamente, a rotina contemple ambas atividades deste  tipo.
Portanto, essas situações de ensino entram na rotina de trabalho como atividade habitual isto é, que ocorre todos os dias na sala de aula, durante o ano. Desse bloco de sugestões, apenas as reescritas não devem ser propostas todos os dias, pois, envolvem outros objetivos além do domínio do sistema de escrita.
Lembramos que a sistematização das situações de ensino é que promoverão e garantirão o ensino-aprendizado da leitura e escrita. Uma atividade aqui outra ali não leva professor e aluno ao sucesso!

BOM TRABALHO!


Bibliografia
BRASIL, SECRETARIA DE ENSINO FUNDAMENTAL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa. 3ª ed. Brasília:/MEC/SEF, 2001.
LERNER, Délia. É possível ler na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre, Artmed, 2002.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ed. Ática.


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